Fábrica de moer palavras

No remanso de águas claras

onde os peixinhos gostam de brincar

admiro o moinho de vento

e a fantasia floresce

fazendo cócegas na poesia

Pego as letras do amigo alfabeto

e fabrico um moinho para moer palavras

deixo que elas virem e desvirem

e se transformem no pó da poesia

A palavras dor está infeliz

e na moenda da fábrica

se remexe e vira flor

colorindo o remanso

 com formosura e esplendor

A palavra rua faz contorcionismo

a cada pisadela geme de dor

entra sorrateira no moinho

e com um sorriso matreiro

se desnuda e vira lua

O velho leu o livro do escaravelho

se enrolou com as letras do texto

entrou no tear dos sonhos

ali largou suas rugas

transformou-se num novelo 

Gosto de moer palavras

no tear da fábrica dos sonhos

cada palavra que entra 

se desfaz num fiapo poético

e com as novas palavras

dou vida aos novos sonhos

(Gracita)